Friday, March 10, 2017

Foi gritando que construí a masculidade

"Se precisar, grite!" este é o título do blog 'Mãe sem receita' de hoje, e justamente ontem, 'Dia da Mulher' esse era o mote da discussão no boteco que varou a madrugada, a construção do masculino e feminino da pessoa.
Lendo o post lembrei dos conselhos das mulheres da minha casa.
Garoto frágil, quase um palito, tinha estudado em colégio interno, chegando a ser molestado no meu bingulim. 
Ainda lembro de minha tia me banhando com azul de metileno, e dando conselhos que mantivessem a minha masculinidade.
Até que ganhei a liberdade e pude brincar solto nas ruas, sempre mantendo ao ouvindo o que falavam as conselheiras da família.
Certo dia, numa dessas brincadeiras infantis, comecei a sentir algo estranho nas palavras e no comportamento dos garotos que me acompanhavam.
Foi quando vieram com aquele história de tirar a roupa. Pronto, senti que ia ser comido por três moleques mais velhos e mais fortes que eu.
"Dona Vera! Dona Vera!" berrei o mais alto que pude pela vizinha da casa ao lado, que acorreu ao portão desfazendo a intenção do estrupo.
Desfeita a cena saíram os garotos, cada um paro o seu lado com aquele papo de "não sabe nem brincar".
Fosse hoje, teria começado minha iniciação sexual pelo rabo, e estaria hasteando a bandeira do arco-íris como causa.
Penso que nesses casos cabe uma reflexão das mães que curtem fervorosamente o programa "Esquenta Gay". Será que o "se precisar grite!" não deveria ser ensinado também aos garotos, e não só as mulheres na sua luta contra a violência masculina?
A igualdade de gêneros padece dos ensinamentos de Dona Idea, Neia, Cema e Dulcilia, mãe e tia que me ajudaram a permanecer homem, sem nenhum outro desejo ou opção."
#BiradeOliveira

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