Thursday, September 20, 2012

Os Urubus Continuam Voando de Costas em Niterói


Estava aqui quietinho sentado na minha mesa do boteco quando ouvi uma porradaria lá fora.
Resolvi investigar o que era, e vi dois velhos amigos, PT e PDT, que sempre estiveram juntos em Niterói saindo no pau, brigando pelo seu quinhão.
O assunto da discussão dos dois era "política cultural", assunto em que estive metido a maior parte da minha vida.
Niterói sempre padeceu por falta de identidade.
Cidade pequena, sem tevê e rádio, e jornais sempre a serviço dos manda-chuva de plantão vive de ficar olhando o pão-de-açúcar, admirando os aviões subindo e descendo do aeroporto, sonhando em um dia voltar a tão sonhada capital de um estado.
Mas como isso não é possível resolveu optar por ser um "bairro" do Rio de Janeiro e importar tudo o que há do outro lado da poça e no resto do mundo.
Só que pelo caminho errado. Como a dinastia que há anos domina a cidade tem seus sonhos socialistas, misturou as viagens de Castro com as de Mitterrand, transformando-se na cidade com, talvez,  o maior índice de intervenção estatal do Brasil.
Tem ballet, orquestra, gravadora, editora, e uma porção de equipamentos e espaços ociosos pertencentes aos estado.
Fosse Niterói São Paulo, Recife, Porto Alegre ou outra cidade com grandes recursos culturais e muito dinheiro para gastar tudo bem. Mas não é o que acontece.
A cidade tem problemas risíveis de infraestrutura, uma periferia que despenca a primeira chuva, e uma tendência a dormitório-privada que faz dela o paraíso da classe média mal resolvida do Rio.
A cidade não "fomenta", a cidade "faz". E quando faz faz mal feito, ou pela metade.
Vejamos o caso de um destes desmandos estatais, a "Niterói Discos".
Ainda há pouco visitei o site da gravadora para ver como faço para comprar os discos da rapaziada amiga e talentosa de cidade de Niterói.
Ex-agitador cultural da cidade, hoje moro na roça, a 120km de distância.
Lá não encontrei nenhum caminho que me indicasse como comprar, uma loja, ou um link para as loja de comercialização de tão excelente catálogo.
E é ai que me pergunto: será que em todos esses anos de existência não apareceu ninguém interessado em comercializar tal catálogo, ou é assim mesmo, os discos são apenas parte do acervo cultural da cidade, lançados em pequenas edições para colecionadores, experts e fãs que comparecem aos shows de lançamento?
Tenho uma página no Facebook e vi as fotos do lançamento do CD da cantora Adriana Ninsk.
Deve ser um puta CD, ela fera, com um time mais fera ainda.
Mas vou ficar no desejo, pois no site, além do disco nem constar do catálogo (nem os outros que vi sendo falados no facebook), não tem preço de nada.
Dou força a rapaziada para buscar um webmaster, ou uma dessas lojinhas virtuais "grátis" disponíveis para se organizar.
Senão, parafraseando Sergio Porto irão continuar voando para trás como os urubus.

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