Friday, October 8, 2010

No botequim do Xexeo

Para mim, jornalismo e botequim sempre estiveram ligados.
Não existe jornal que não tenha um bar ou um botequim no seu caminho, assim como não existe jornalista que não tenha uma cadeira cativa em algum boteco da vida.
Dias de fechamento, madrugadas na expectativa de um fato ou final de algum acontecimento mais trágico e aterrador, sempre terminaram na mesa de um bar.
Botequim e jornal tem a ver com fome. Fome de notícias, fome de barriga vazia a procura do que comer após muito trabalho.
Na minha curta passagem por um jornal, o tablóide "LIG", em Niterói como "jornalista" colaborador conheci gente legal, pessoas interessantes que com sua verve e humor me fizeram guardar boas lembranças de um tempo difícil.
Para mim, e pra qualquer jornalista a convivência com a birita nunca foi um impedimento para a livre manifestação do pensamento com alguma inteligência, mesmo que atropelada por alguma besteira.
Acho que foi dessa junção, da união jornalismo e botequim que deve ter nascido o termo "filosofia de botequim".
Tive também um tempo que além de escrever pra jornal andava pelas redações das rádios e jornais divulgando meu projetos culturais.
Tribuna da Imprensa, O Fluminense, O Globo, TVE, Manchete, todos tiveram jornalistas famosos com cadeira cativa em algum boteco, e a mim fizeram atravessar os tempos de excessão política com um gosto de liberdade na boca.
Não digo que todos estes veículos de comunicação estivessem localizados bem em frente a um botequim, mas como ponto de encontro de jornalistas, todos inscreveram sua história em algum.
A exceção ficou por conta de um único jornal, um quase sucessor literário do Correio da Manhã que a megalomania dos donos, associada aos deslumbres do "Brasil Grande" da ditadura militar fizeram se afastar da antiga sede na Rio Branco e ir pra bem longe da vida política do Rio. 
E foi no prédio do falecido JB, na Avenida Brasil, lugar em que a cultura fervia em cada letra que, junto com o Fluminense, em Niterói, desfrutei meus melhores dias de "jornalista".
Ambos com as rádios ditando os rumos da "MPB" e do "Rock Brasil", e seus jornais lançando pra história grandes personagens do jornalismo brasileiro.
E foi lá, no JB que conheci Artur Xexeo. 
Não digo que como amigo, mas profissionalmente fui recebido algumas vezes em sua mesa, local quase impossível de alguém fora do meio se aproximar.
E hoje ao abrir pela primeira vez seu blog (abaixo), escaldado pelas suas abrobrinhas na CBN, e seu perfil de pop-star na TV, me reencontrei com esse tempo ao me deparar com um post digno de qualquer "roda de boteco", e repleto da chamada "filosofia de botequim". 

"O MANTRA DE RO-RO E A CURIOSIDADE DE LAURA"

"Foi o momento mais divertido da televisão na semana passada. No programa de Amaury Jr, na Rede TV, Angela Ro Ro era entrevistada por Amaury e pela modelo e apresentadora Laura Wie. Às sextas-feiras, Amaury transforma seu programa num talk-show e divide a bancada de entrevistador com Laura. Amaury não conseguia disfarçar que queria arrancar alguma resposta polêmica ou escandalosa de Angela. Mas a cantora se manteve firme em sua fase careta. Até que, na última pergunta, quando a entrevista já estava praticamente acabada, o apresentador qui saber: como Angela Ro Ro define Angela Ro Ro? A cantora não se segurou e, antes de dar uma gargalhada, soltou uma de suas piadas típicas: “Eu agora tenho um mantra: ‘Chupanenê’”. 


Todos riram à beça, fizeram cara de fim de festa, e o programa poderia terminar não fosse o quase inexplicável interesse de Laura Wie pelo tema. 


— Isso significa que você está ligada a alguma religião oriental? 
— Não. É mais uma religião sexual — responde Ro Ro. 


Laura não entendeu e, curiosíssima, quis saber mais sobre aquele estranho mantra, provavelmente em sânscrito, que Ro Ro usava como oração: 


— Mas quando você usa o mantra? Em que momento do dia? 
— Ah... em qualquer momento. 
— E ele te traz harmonia? Ele te traz paz? O que ele te traz? 
— Digamos que ele me traz orgasmos. Chupanenê, entendeu? Chupanenê! 
O que começou engraçado, tornou-se constrangedor. Amaury não soube interromper a bateria de perguntas de Laura: 
— Mas onde você pratica o mantra? Você procura um cantinho? 
— Não. Pode ser em qualquer lugar. 
— Até dirigindo? 
— Não! Dirigindo não! — revoltou-se Ro Ro. 
E foi assim, até Amaury Jr. desejar boa noite a todos."

ARTUR XEXEO

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