Sou de um tempo em que se lia nos noticiários dos jornais que assédio era os caras da 'De Millus' convidarem as moças da fábrica para experimentar novos modelos de sutiã, só para ficar apalpando os seios delas.
Um tempo em que no 'Laboratório B. Braun', onde trabalhei, nas festas de fim de ano os caras da diretoria constrangiam as meninas da fábrica com passadas de mão na bunda, e estas fingiam aceitar só para irem trabalhar no escritório.
Essas e outras grosserias eram gritantes.
Uma vez levei uma colega que trabalhava na obra da Usina Nuclear, em Angra dos Reis, a delegacia pois que tinha se negado a deixar ser apalpada pelos seguranças na entrada, sendo agredida por um deles. No distrito fomos tratados com desdem, e a resposta que ouvimos foi "lá a gente não se mete, eles tem o direito de revistar!".
Assédio era sinônimo de violência, constrangimento funcional, e outros comportamentos machistas.
Hoje quando leio o noticiário fico ressabiado, já não temos mais o mesmo panorama, e o empoderamento feminino está gerando confusão na cabeça de muito homem.
Fiu fiu não vale, olhar de rabo de olho, também não. Não vale ser carioca engraçadinho com suas cantadas de cachorrinho, e músicas de carnaval consideradas 'machistas' são banidas.
Criminalizaram a galinhagem, o ambiente suruba do happy hour de fim de expediente, a indiferença pecaminosa do "quero ele para mim".
Daqui para a frente voltarão os colégios só para meninas, e só para meninos, e a Luluzinha vai fechar seu 'Clube do Bolinha'.
Fiquei perdido, e não assino embaixo do mea culpa do José Mayer, pois nossa formação masculina não foi construída em campinhos de futebol, nem em rodas de boteco, mas em casa, quando nossas mães e tias orgulhosas diziam, "prendam suas cabras que meus bodes estão soltos".
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