Minha amiga pergunta, "como está a solidão?".
Respondo ouvindo jazz, que é a minha ligação com Deus. Ouço jazz o dia inteiro quando estou em casa, sentado diante da tela do computador, trabalhando e escrevendo minhas tranqueiras, olhar ligado nos fatos.
Meu mundo é uma tela de cristal, e o facebook minha companhia para deixar a cabeça ocupada, diversão e realidade transformada em histórias.
Mais fácil assim o pensamento, que aquele monte de papel rabiscado de antigamente, quando não impresso, datilografado pelo teclado da minha velha Remington portátil.
De vez em quando levanto a bunda da cadeira e saio, faço as compras, posto as coisas que vendo para os meus clientes, e aproveito para conversar com quem quiser conversar, no ônibus, no mercado, na rua, etc. Levo uma vida sedentária regada a alimentação saudável e natural o mais que que possa.
Às vezes falo com minha outra amiga que se foi pelo whatsapp, as mesmas amenidades de quando estávamos juntos.
Enquanto essa crise não passa parei de cozinhar para fora, virei chef de mim mesmo. Não sei ficar disputando o pouco mercado que existe com gente que empreende por necessidade, prefiro a preguiça, o relaxamento, a falta de desejos que não me obriguem a avançar. Ficar na moita esperando é bem melhor!
Se isso é viver com sabedoria, é bom viver assim. A velhice tem disso, uma certa conformação com a realidade.
E enquanto vou vivendo essa vida, vou recordando. Vivi muitos amores, criei filhos, escrevi uma história cultural e profissional, que cada dia releio um pouco.
Se antes tudo virava letra de música, poesia, hoje transformo em conteúdo que abastece meu mundo digital.”
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