Certa vez me apresentava em uma escola quando me referi a uma garotinha frenética: "Você é muita exibida".
E ela na sua inocência respondeu: "O que é isso?".
A meninas crescem, se tornam mulheres, trajam roupas e adquirem costumes que as fazem "exibidas".
Para alguns, mulheres sentadas na mesa de um boteco, pernas cruzadas pagando calcinha, gestos largos, olhar sedutor é sinal de disponibilidade, de estar a fim.
Tenho amigas aos montes, e as que mais amo são aquelas que mantiveram seu jeito natural e espontâneo, passado vivido a frente do rosto, homens que ficaram e prazeres não esquecidos.
O que leva uma mulher a querer esquecer o passado, e querer deixar de lado o seu ar de "vadia"?
Acho que a maternidade para algumas, a caretice para outras, mas o principal fator é o tal do controle social.
Aos poucos as mulheres vão se submetendo aos critérios machistas da sociedade, e deixando de lado seu modo de vestir, de falar, seu ar de sedução, tudo para estar conforme as regras do comportamento social.
Quanto mais o tempo passa vão deixando de lado a naturalidade em exibir o corpo, de falar o que pensam, de contar suas histórias com prazer.
Não sei, mas a liberdade por que bradaram tantas mulheres do meu tempo ainda não foi plenamente alcançada.
Ainda temem o estupro (real) de homens que acham que seu modo de ser é um sinal verde para o sexo.
Meu amigo Bob Devasso, por exemplo, coleciona em seus relacionamentos afetivos uma quantidade de "putas" a quem amou de paixão. "Quão verdadeiras são estas mulheres!" diria ele.
Nestes tempos de trajar tão igual, mulheres usando ternos iguais a homens, roupas que anulam toda a sua feminilidade, a exibição do corpo feminino ainda é tabu.
Lembro de um dia na TV em que um consultor recriminou uma senhorita candidata a uma vaga de emprego por sua forma de trajar despojada. Sua visão machista carimbou o rótulo: VADIA!
Ainda bem que o movimento Slutwalk (em tradução livre, algo como "Marcha das Vadias"), que espero chegue logo por aqui, está levando às ruas americanas e canadenses, um grupo de mulheres indignadas, em sua maioria estupradas, que clamam pelo seu modo de ser, de se trajar, de se exibir.
Tomara que a menininha exibida da escolinha tome conhecimento da "Marcha das Vadias", e empunhe a bandeira, continuando a ser aquela doce e ingênua criatura, sem medo de ser feliz (e feminina).
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