Vai ser uma festa! Aquele bando de velhinhos remanescentes da passeata dos 100.000 se rendendo ao imperialismo ianque.
Wladimir Palmeira trepado em cima da amendoeira com uma maquininha Kodak querendo pegar o melhor ângulo para a foto dos sobrinhos. Zé Dirceu twitando suas paródias com loas ao capitalismo, e a dinheirama que este o vem ajudando a ganhar. Carlos Lupi e Fernando Bandeira com a velha barraquinha dos tempos do Brizola vendendo gifts e bottons da AFL-CIO.
Velhos personagens em uma nova realidade. Já não existe guerra fria e o Brasil baba o ovo de qualquer um que vier prometendo um assento no Conselho de Segurança da ONU.
Quem diria que um dia eu ia ver esse filme, sem levar porrada da polícia, e me proteger das bombas de gás cheirando as calcinhas molhadas com o xixi das meninas.
Já estou sabendo que o Amarelinho vai ser o ponto de encontro. Todos enchendo a cara, tomando chopp no boteco, esperando a derradeira hora chegar: o discurso do homem..
A garotada da UNE e a pelegada sindical vão estar lá, tietando os assessores do presidente americano, tentando descolar um visto de entrada na terra do Tio Sam para comprar o último Ipad, tirar uma foto com Mickey, ou assistir ao último musical da Brodway.
Afinal, somos ou não somos irmãos dessa grande nação americana?
Em São Bernardo, Lula e Marisa estarão reunidos em "petit comitê" regado a petiscos do Bonifácio diante da tv de plasma de 42'. Presença garantida do Faustão, Ana Maria Braga, Hebe Camargo, Lulinha, e os novos e ricos empresários emergentes. A filial política da Daslu vai ferver!
E se durante o comício, ou melhor discurso, aparecer algum comuna radical, daqueles que não levaram algum da bolsa-anistia, gritando "FORA O IMPERIALISMO IANQUE"?
Vão ter que levar o senhor até ao lado, na velha embaixada americana transformada em bunker, pra jogar o mais novo game de lavagem cerebral: "I LOVE OBAMA, LULA É O CARA!".
Acho que meu nervosismo, minha ansiedade não emplaca até sábado.
Vou ligar pro meu grupelho do Liceu e combinar uma estratégia. Quero estar ao lado do homem!
Não posso perder a visão de estar lá no alto do palanque montado na escadaria da Câmara do Vereadores, assistindo a esse grande espetáculo desse novo Brasil, em que os outrora detratores do capitalismo, que se reuniam na calçada do Paissandu, levando debaixo do braço os caderninhos do CPC, cantando em alto e bom som o "Auto dos 99%", afogavam às mágoas da ditadura em altos papos regados a Caninha da Roça.
Nem pensavam que um dia iam estar do outro lado da mesa, sentados no Vilarinho, tomando whisky importado, ao lado da galera da Hilary.
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