Outro dia puxei uma prosa pelo telefone com meu amigo Danilo Braga, jornalista, músico, parceiro e amigo, boêmio bom de copo.
Queria saber as quantas andam os botequins da vida na cidade de Niterói.
Já me abriguei por lá durante um tempo, porque não dizer a maior parte da minha vida. Em matéria de boteco Danilo e eu guardamos as mesmas lembranças.
Varamos madrugadas tomando umas e outras no "Bar do Nelson", bem ao lado da faculdade onde cursamos Administração. Atendia por ali um garçom cheio de graça e elegância de apelido Pierre*.
A coisa por ali fervia. Como diria Caetano gatas extraordinárias freqüentavam o pedaço, papos cabeça e outros nem tanto em plena ditadura militar.
Ao lado do "Bar do Nelson" tinha o "Patati-Patata" formando junto com outros botecos, de charme nem tanto o que hoje certamente se denominaria de "Baixo Ingá".
Niterói já teve botecos de muita fama, como o "Petit Paris" (aonde ir a praia era pretexto) e o "Orquídea", que ganhou nome e clientela por sua batida de limão.
Como encarar umas geladas não é meu forte tive que recorrer ao Danilo para me lembrar de outros. Fico meio incomodado quando vejo a cidade ser citada apenas pelo "Caneco Gelado do Mario".
Lembrei que ele é sócio de carteirinha de um pé sujo chamado "Campeão". Queria matar a curiosidade saber como era lá, qual a melhor pedida de petisco.
"Uma merda!" exclamou meu guia e professor. "Os caras só querem saber de vender cerveja, um pastelzinho mixuruca, um ovo cozido de véspera... E só!"
Provoquei "e não tem outro?" Meio chateado meu campeão de taça se lamentou: "Está tudo fechando. A vida noturna da cidade não tem mais graça. Agito mesmo só nos botecos chic de São Francisco e Charitas. A garotada daqui não curte muito um "pé sujo"".
Perdi o jeito. Morrendo de inveja dos meus amigos bebuns cariocas que somam botecos as centenas, só fiz lamentar.
Eis que hoje recebo no meu Orkut a salvação. "Lembrei de um aqui na minha rua com uma bela vida noturna. Só fui lá uma vez quando, voltando de uma noitada, todos os demais bares da redondeza estavam fechados....".
Sabia que meu guia não iria me deixar na mão, que nem só de "Campeão" vive um bom chope e uma cerveja gelada. E para fechar esta história o nome do lugar: "Beco Sem Saída".
Só tem um defeito apontado pelo meu amigo como crucial... Tem garçom! Bons tempos aqueles em que os botecos daquela cidade eram bons "bunda de fora".
(*) Pierre depois virou garçom meio besta da Leiteria Brasil, que por sinal também já fechou.
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