Friday, March 22, 2013

Privilegiado é a mãe!


Bob Devasso ficou chocado com a entrevista que leu, em que o cara do jornal chama de privilegiado aquele que se considera classe média.
"Não sou nenhum privilegiado, muito pelo contrário, economicamente nunca estive tão na pior. Mas o capital cultural que acumulei me permite ver as coisas por um outro ponto de vista. Abomino a burrice, a mentira, a esperteza, a mediocridade, a falta de caráter, a insensatez, a preguiça, a intolerância, a covardia, o conformismo e tudo aquilo mais que me faz desacreditar num certo tipo de pessoa. Que pelo menos respeitem a minha inteligência humana antes de se apresentar como maioral."
Tudo bem que a bebida anda atingindo os seus neurônios, mas por que tanta indignação com uma simples observação sociológica.
Sujeito simples, nascido num bairro classe média de Niterói, Bob não é um cara afortunado.
Sem grana, fudido até, endividado até o pescoço por conta das pensões que tem de pagar a inúmeras ex mulheres, tem como patrimônio moral o fato de ser um cara safo.
E essa habilidade não adquiriu passando a perna em ninguém, muito pelo contrário, ajudou muita gente que hoje posa de indiferente a sua pessoa.
Estudou em boas escolas, públicas e privadas, cursou faculdade e se especializou.
Não fosse os inúmeros casamentos seria um cara abastado, com carrão do ano e coisa e tal.
Mas a putaria sempre atraiu o seu olhar, levando-o a desfechos sempre desfavoráveis nos relacionamentos amorosos.
Mas onde eu estava mesmo? Ah, sim, na dissertação sociológica que classifica Bob Devasso como privilegiado.
Bob Devasso é um sujeito classe média de carteirinha, disso não escapa e sente orgulho.
Culturalmente já passou por todas. Artes plásticas, música, teatro, literatura. Frequentou Museus, Óperas, ouviu jazz e bossa nova. Esteve na passeata dos 100.000 e namorou a musa da escola. Aprendeu a gostar da boa mesa e frequentar bons restaurantes.
E desse patrimônio cultural ele se orgulha.
Agora, privilegiado tendo conseguido tudo sozinho, sem nenhum favor sexual de mulher nenhuma (ou homem, vai lá). 
Certo que as tias, a mãe o ajudaram a ser um cara antenado e inteligente. Mas foi só estímulo, nada mais, pois todas eram umas duras de dá dó.
Mas vamos deixar prá lá essa discussão. Fiquemos com a derradeira frase de Bob ao telefone:
"Privilegiado é a mãe, seu babaca!".