Bob Devasso entrou pelo boteco exultante: "Quase
levei!"
Todos se entreolharam boquiabertos querendo saber o motivo
de tamanha alegria.
Teria acertado a quina na mega-sena, ou 14 dos 15 números do
loto fácil?
Conversa vai, conversa vem, uma dose de quinado, uma de 51
depois vociferou:
"Me apaixonei pela virgem de Santa Catarina. Não aguentava mais ver aquele rostinho angelical estampado nos jornais a procura de um macho para lhe tirar a
virgindade. Então entrei na internet e dei um lance: 1 dólar!"
Justo o dólar do almoço do mês na pizzaria, que eu paguei. Mas
deixa para lá!
Bob é um canalha, e como um bom canalha e dado a canalhices,
já se sabia.
Agora, dar um lance de 1 dólar para comer a ninfetinha da
vez, essa não!
Fosse o Oscar Maroni, outro canalha, o rei da noite de
Sampa, dono do maior bordel de luxo da América Latina, vai lá!
Mas Bob não. Vivia sem um puto no bolso já que o seu tem que
entregar todo mês a justiça para pagar a pensão de alguns filhos de ex. E não
são poucos.
Oscar Maroni não! É canalha de luxo, chegado a orgias com as
melhores garotas de programa de São Paulo.
Aliás, sua declaração de que a Virgem de Santa se ofereceu a
ele por mixas 100 mil reais, além de sórdida é merecedora da reprovação de
feministas declaradas. Mixaria sim, diante do milhão e meio que a garota vai levar
para dar sua bucetinha virgem durante uma hora, para um japona maluco.
Por isso perguntei ao Bob: "Você acha que por um dólar
você ia comer aquele piteuzinho?"
Foi ai que veio o inusitado da história.
Bob tinha morado
por uns tempos em Santa Catarina e foi vizinho da menina sem saber quem era ela.
Certo dia
subiam de elevador no prédio em que moravam e ela falou: "Tio! Dá pro
senhor apertar o 5º andar?"
Tinha sido essa a única vez que se viram, o único encontro que tiveram.
Mas
bastou, ficou gravado na memória de Bob aquele sorrisinho ingênuo de
agradecimento.
Mal sabia que anos depois abrindo a internet ia se deparar
com o mesmo sorriso de Mona Lisa ilustrando a história do leilão.
"Vai que ela se lembre de mim. Vai que tenha se
apaixonado também” exclamou já meio bêbado, para filosofar depois:
“Mulher apaixonada emburrece, troca dinheiro
por qualquer jura de um canalha."
Pode ser, mas por um dólar... Sei não!