O Rio de Janeiro não é só uma cidade de cidades misturadas.
É também uma heterogeneidade de culturas, hábitos e tradições.
Da "garota de Ipanema" a "mulata bossa nova" toda história é boa para se contar, cantar e comer.
Que o digam Nelson Rodrigues com suas teatrais passagens, Stanislaw Ponte Preta com suas gostosas cariocas, e o multifacetado cronista da negritude Nei Lopes.
Se Nelson Rodrigues atravessou o insólito, Stanislaw ultrapassou a gozação.
Mas Nei Lopes não, ficou alí, de butuca fina em cima do passado, e de lupa na mão fez a história da raça e do Rio.
Em "20 Contos e Uns Trocados" ele passeia por um Rio de Janeiro que já não se vê mais nos cartões postais, e rege a tradição da cidade contando tintim por tintim o que há por trás de tudo que se vê por ai, e que se transformou na cultura Carioca.
Se hoje temos uma rica tradição musical, uma gastronomia que gera a imitação chic, e hábitos cotidianos que todos fazem questão de vir apreciar é porque o Rio renasceu pela mão do pessoal das favelas e das comunidades, não as atuais, mais as antigas da paz e da felicidade.
E foi para homenagear o sambista, escritor, historiador e comendador Nei Lopes que o ESQUISITINHO - BOTECO E BAR VIRTUAL resolveu dar aos seus cardápios nomes dos personagens de "20 Contos e Uns Trocados", para mostrar com todas as letras por onde e pelas mãos de quem a história do botequins do Rio começou a criar tradição.
Thursday, October 28, 2010
Monday, October 11, 2010
O lesbianismo que levou ao ataque
"Meu lado gay é lésbico" gritou Bob Devasso em meio ao papo da roda de boteco.
Ninguém sabia ao certo o endereço da frase, nem sua motivação.
Não é segredo pra ninguém que o Bob é um grande canalha, e aos canalhas coube apenas o dom da safadeza.
Mas, porque a declaração? Naquela altura do papo não se falava em sexo, nem tampouco de mulher. Nenhuma citação a algum sem-vergonha que andasse comendo a filha de alguém. O que levaria então Bob Devasso a tão dúbia declaração.
O dia corria frouxo, segunda mais de sem graça, noite fria mais chegada a um conhaque do que a uma cerveja gelada.
O bar com movimento fraco, todos esperando o fim da novela das oito para sairem tranqüilos para casa e aturarem dona mocreia com a cara de poucos amigos.
Foi quando alguém percebeu que o Bob não havia chegado. Impossível crer que ele não estava ali para marcar o ponto.
Serginho Birinaite convidou os três ou quatro que ali estavam a esperarem mais um pouco. Quem sabe o Bob não tivesse sido convocado para alguma tarefa importante no lar, e dai o motivo de estar atrasado.
Não que ele fosse daqueles de subir em escada para trocar uma lâmpada, mas vamos que tenha ido a farmácia pra comprar um melhoral pro Zézinho e não encontrou. Estava rodando por ai e pronto, perdeu a hora do ponto na mesa do bar.
Eis que de repente, atrasado mais de 1 hora chega o Bob todo feliz.
Estava vindo de casa onde ficara assistindo parte do debate político da televisão.
Logo de cara Serginho Birinaite foi cortando: "Política aqui, não!"
Todos tinham as suas preferências de eleitor, mas ali só valia papo de futebol e mulher.
Continuaram a conversar amenidades naquela noite chata quando Bob veio com a antológica frase - "Meu lado gay é lésbico".
Quando chegou em casa vindo do bar Serginho Birinaite quiz saber do filho mais velho antenado em política e internet como tinha sido o debate.
O garoto contou da agressividade da candidata contrária aos viés político do pai com o seu oponente, sem uma razão aparente, sacada meio assim do nada.
Ficaram ali a se perguntar o por que, quando o garoto mostrou para o pai um email que tinha acabado de chegar contando de um tal processo de uma empregada contra a candidata.
Batata! Foi ai que Serginho Birinaite conseguiu entender a exultante manifestação de Bob Devasso no botequim.
Meio que sem querer, e meio que proibido pelas regras da roda do boteco tinha feito a sua declaração de voto.
Ninguém sabia ao certo o endereço da frase, nem sua motivação.
Não é segredo pra ninguém que o Bob é um grande canalha, e aos canalhas coube apenas o dom da safadeza.
Mas, porque a declaração? Naquela altura do papo não se falava em sexo, nem tampouco de mulher. Nenhuma citação a algum sem-vergonha que andasse comendo a filha de alguém. O que levaria então Bob Devasso a tão dúbia declaração.
O dia corria frouxo, segunda mais de sem graça, noite fria mais chegada a um conhaque do que a uma cerveja gelada.
O bar com movimento fraco, todos esperando o fim da novela das oito para sairem tranqüilos para casa e aturarem dona mocreia com a cara de poucos amigos.
Foi quando alguém percebeu que o Bob não havia chegado. Impossível crer que ele não estava ali para marcar o ponto.
Serginho Birinaite convidou os três ou quatro que ali estavam a esperarem mais um pouco. Quem sabe o Bob não tivesse sido convocado para alguma tarefa importante no lar, e dai o motivo de estar atrasado.
Não que ele fosse daqueles de subir em escada para trocar uma lâmpada, mas vamos que tenha ido a farmácia pra comprar um melhoral pro Zézinho e não encontrou. Estava rodando por ai e pronto, perdeu a hora do ponto na mesa do bar.
Eis que de repente, atrasado mais de 1 hora chega o Bob todo feliz.
Estava vindo de casa onde ficara assistindo parte do debate político da televisão.
Logo de cara Serginho Birinaite foi cortando: "Política aqui, não!"
Todos tinham as suas preferências de eleitor, mas ali só valia papo de futebol e mulher.
Continuaram a conversar amenidades naquela noite chata quando Bob veio com a antológica frase - "Meu lado gay é lésbico".
Quando chegou em casa vindo do bar Serginho Birinaite quiz saber do filho mais velho antenado em política e internet como tinha sido o debate.
O garoto contou da agressividade da candidata contrária aos viés político do pai com o seu oponente, sem uma razão aparente, sacada meio assim do nada.
Ficaram ali a se perguntar o por que, quando o garoto mostrou para o pai um email que tinha acabado de chegar contando de um tal processo de uma empregada contra a candidata.
Batata! Foi ai que Serginho Birinaite conseguiu entender a exultante manifestação de Bob Devasso no botequim.
Meio que sem querer, e meio que proibido pelas regras da roda do boteco tinha feito a sua declaração de voto.
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Friday, October 8, 2010
No botequim do Xexeo
Para mim, jornalismo e botequim sempre estiveram ligados.
Não existe jornal que não tenha um bar ou um botequim no seu caminho, assim como não existe jornalista que não tenha uma cadeira cativa em algum boteco da vida.
Dias de fechamento, madrugadas na expectativa de um fato ou final de algum acontecimento mais trágico e aterrador, sempre terminaram na mesa de um bar.
Botequim e jornal tem a ver com fome. Fome de notícias, fome de barriga vazia a procura do que comer após muito trabalho.
Na minha curta passagem por um jornal, o tablóide "LIG", em Niterói como "jornalista" colaborador conheci gente legal, pessoas interessantes que com sua verve e humor me fizeram guardar boas lembranças de um tempo difícil.
Para mim, e pra qualquer jornalista a convivência com a birita nunca foi um impedimento para a livre manifestação do pensamento com alguma inteligência, mesmo que atropelada por alguma besteira.
Acho que foi dessa junção, da união jornalismo e botequim que deve ter nascido o termo "filosofia de botequim".
Tive também um tempo que além de escrever pra jornal andava pelas redações das rádios e jornais divulgando meu projetos culturais.
Tribuna da Imprensa, O Fluminense, O Globo, TVE, Manchete, todos tiveram jornalistas famosos com cadeira cativa em algum boteco, e a mim fizeram atravessar os tempos de excessão política com um gosto de liberdade na boca.
Não digo que todos estes veículos de comunicação estivessem localizados bem em frente a um botequim, mas como ponto de encontro de jornalistas, todos inscreveram sua história em algum.
A exceção ficou por conta de um único jornal, um quase sucessor literário do Correio da Manhã que a megalomania dos donos, associada aos deslumbres do "Brasil Grande" da ditadura militar fizeram se afastar da antiga sede na Rio Branco e ir pra bem longe da vida política do Rio.
E foi no prédio do falecido JB, na Avenida Brasil, lugar em que a cultura fervia em cada letra que, junto com o Fluminense, em Niterói, desfrutei meus melhores dias de "jornalista".
Ambos com as rádios ditando os rumos da "MPB" e do "Rock Brasil", e seus jornais lançando pra história grandes personagens do jornalismo brasileiro.
E foi lá, no JB que conheci Artur Xexeo.
Não digo que como amigo, mas profissionalmente fui recebido algumas vezes em sua mesa, local quase impossível de alguém fora do meio se aproximar.
E hoje ao abrir pela primeira vez seu blog (abaixo), escaldado pelas suas abrobrinhas na CBN, e seu perfil de pop-star na TV, me reencontrei com esse tempo ao me deparar com um post digno de qualquer "roda de boteco", e repleto da chamada "filosofia de botequim".
"O MANTRA DE RO-RO E A CURIOSIDADE DE LAURA"
"Foi o momento mais divertido da televisão na semana passada. No programa de Amaury Jr, na Rede TV, Angela Ro Ro era entrevistada por Amaury e pela modelo e apresentadora Laura Wie. Às sextas-feiras, Amaury transforma seu programa num talk-show e divide a bancada de entrevistador com Laura. Amaury não conseguia disfarçar que queria arrancar alguma resposta polêmica ou escandalosa de Angela. Mas a cantora se manteve firme em sua fase careta. Até que, na última pergunta, quando a entrevista já estava praticamente acabada, o apresentador qui saber: como Angela Ro Ro define Angela Ro Ro? A cantora não se segurou e, antes de dar uma gargalhada, soltou uma de suas piadas típicas: “Eu agora tenho um mantra: ‘Chupanenê’”.
Todos riram à beça, fizeram cara de fim de festa, e o programa poderia terminar não fosse o quase inexplicável interesse de Laura Wie pelo tema.
— Isso significa que você está ligada a alguma religião oriental?
— Não. É mais uma religião sexual — responde Ro Ro.
Laura não entendeu e, curiosíssima, quis saber mais sobre aquele estranho mantra, provavelmente em sânscrito, que Ro Ro usava como oração:
— Mas quando você usa o mantra? Em que momento do dia?
— Ah... em qualquer momento.
— E ele te traz harmonia? Ele te traz paz? O que ele te traz?
— Digamos que ele me traz orgasmos. Chupanenê, entendeu? Chupanenê!
O que começou engraçado, tornou-se constrangedor. Amaury não soube interromper a bateria de perguntas de Laura:
— Mas onde você pratica o mantra? Você procura um cantinho?
— Não. Pode ser em qualquer lugar.
— Até dirigindo?
— Não! Dirigindo não! — revoltou-se Ro Ro.
E foi assim, até Amaury Jr. desejar boa noite a todos."
ARTUR XEXEO
Não existe jornal que não tenha um bar ou um botequim no seu caminho, assim como não existe jornalista que não tenha uma cadeira cativa em algum boteco da vida.
Dias de fechamento, madrugadas na expectativa de um fato ou final de algum acontecimento mais trágico e aterrador, sempre terminaram na mesa de um bar.
Botequim e jornal tem a ver com fome. Fome de notícias, fome de barriga vazia a procura do que comer após muito trabalho.
Na minha curta passagem por um jornal, o tablóide "LIG", em Niterói como "jornalista" colaborador conheci gente legal, pessoas interessantes que com sua verve e humor me fizeram guardar boas lembranças de um tempo difícil.
Para mim, e pra qualquer jornalista a convivência com a birita nunca foi um impedimento para a livre manifestação do pensamento com alguma inteligência, mesmo que atropelada por alguma besteira.
Acho que foi dessa junção, da união jornalismo e botequim que deve ter nascido o termo "filosofia de botequim".
Tive também um tempo que além de escrever pra jornal andava pelas redações das rádios e jornais divulgando meu projetos culturais.
Tribuna da Imprensa, O Fluminense, O Globo, TVE, Manchete, todos tiveram jornalistas famosos com cadeira cativa em algum boteco, e a mim fizeram atravessar os tempos de excessão política com um gosto de liberdade na boca.
Não digo que todos estes veículos de comunicação estivessem localizados bem em frente a um botequim, mas como ponto de encontro de jornalistas, todos inscreveram sua história em algum.
A exceção ficou por conta de um único jornal, um quase sucessor literário do Correio da Manhã que a megalomania dos donos, associada aos deslumbres do "Brasil Grande" da ditadura militar fizeram se afastar da antiga sede na Rio Branco e ir pra bem longe da vida política do Rio.
E foi no prédio do falecido JB, na Avenida Brasil, lugar em que a cultura fervia em cada letra que, junto com o Fluminense, em Niterói, desfrutei meus melhores dias de "jornalista".
Ambos com as rádios ditando os rumos da "MPB" e do "Rock Brasil", e seus jornais lançando pra história grandes personagens do jornalismo brasileiro.
E foi lá, no JB que conheci Artur Xexeo.
Não digo que como amigo, mas profissionalmente fui recebido algumas vezes em sua mesa, local quase impossível de alguém fora do meio se aproximar.
E hoje ao abrir pela primeira vez seu blog (abaixo), escaldado pelas suas abrobrinhas na CBN, e seu perfil de pop-star na TV, me reencontrei com esse tempo ao me deparar com um post digno de qualquer "roda de boteco", e repleto da chamada "filosofia de botequim".
"O MANTRA DE RO-RO E A CURIOSIDADE DE LAURA"
"Foi o momento mais divertido da televisão na semana passada. No programa de Amaury Jr, na Rede TV, Angela Ro Ro era entrevistada por Amaury e pela modelo e apresentadora Laura Wie. Às sextas-feiras, Amaury transforma seu programa num talk-show e divide a bancada de entrevistador com Laura. Amaury não conseguia disfarçar que queria arrancar alguma resposta polêmica ou escandalosa de Angela. Mas a cantora se manteve firme em sua fase careta. Até que, na última pergunta, quando a entrevista já estava praticamente acabada, o apresentador qui saber: como Angela Ro Ro define Angela Ro Ro? A cantora não se segurou e, antes de dar uma gargalhada, soltou uma de suas piadas típicas: “Eu agora tenho um mantra: ‘Chupanenê’”.
Todos riram à beça, fizeram cara de fim de festa, e o programa poderia terminar não fosse o quase inexplicável interesse de Laura Wie pelo tema.
— Isso significa que você está ligada a alguma religião oriental?
— Não. É mais uma religião sexual — responde Ro Ro.
Laura não entendeu e, curiosíssima, quis saber mais sobre aquele estranho mantra, provavelmente em sânscrito, que Ro Ro usava como oração:
— Mas quando você usa o mantra? Em que momento do dia?
— Ah... em qualquer momento.
— E ele te traz harmonia? Ele te traz paz? O que ele te traz?
— Digamos que ele me traz orgasmos. Chupanenê, entendeu? Chupanenê!
O que começou engraçado, tornou-se constrangedor. Amaury não soube interromper a bateria de perguntas de Laura:
— Mas onde você pratica o mantra? Você procura um cantinho?
— Não. Pode ser em qualquer lugar.
— Até dirigindo?
— Não! Dirigindo não! — revoltou-se Ro Ro.
E foi assim, até Amaury Jr. desejar boa noite a todos."
ARTUR XEXEO
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